VELEIRO DE VENTO EM POPA COM A HILTON

A cadeia hoteleira norte-americana Hilton associou-se ao Grupo Veleiro para entrar no mercado angolano com um novo hotel cinco estrelas, num investimento estimado em 150 milhões de dólares (137 milhões de euros), segundo informação da empresa.

O hotel, terá 306 quartos e vai ser construído no espaço do Restaurante Jango Veleiro, na Ilha de Luanda, garantindo 1.900 postos de trabalho. A construção está prevista para um período de quatro anos e o financiamento está garantido por bancos internacionais, refere uma nota de imprensa do Grupo Veleiro.

Além da gestão e branding (gestão da marca) do hotel de 5 estrelas, o acordo, a ser assinado quinta-feira, prevê igualmente a gestão por parte da Hilton do condomínio Fútila Sea Breeze, em Cabinda, com 11 edifícios e 280 apartamentos, avaliado em 65 milhões de dólares (59 milhões de euros).

“O acordo coloca fim à tentativa de vários anos de espera do Grupo Hilton de entrar para o mercado angolano”, destaca o Grupo Veleiro.

Segundo a nota de imprensa, em 2021, em Washington, no fórum de negócios organizado pela AmCham-Angola (Câmara de Comércio Americana em Angola, presidida por Pedro Godinho, que também lidera o Grupo Veleiro), o grupo angolano já tinha sido contactado pela Hilton “dizendo que estavam a tentar há vários anos a entrada no mercado angolano, mas sem sucesso”.

Em Fevereiro de 2021, Grupo Veleiro anunciou um investimento de 201 milhões de dólares num projecto imobiliário, ou seja num condomínio em construção na região do Futila, em Cabinda, com 21 edifícios e um total de 298 apartamentos, que seriam erguidos em duas fases.

De acordo com Pedro Godinho, o projecto comtempla duas fases e, na altura (2021), tinha já a primeira cumprida, com a conclusão de 11 edifícios e dos arruamentos. A previsão, avançou, apontava para a inauguração da primeira fase do empreendimento em Março de 2020, vontade essa adiada para 2021, por vários factores.

“Tínhamos o plano de inaugurá-lo em Março de 2020, mas a pandemia e as condições actuais do mercado não permitiram que o projecto fosse concluído na data prevista”, justificou.

O Futila See Breeze estava orçado em 173 milhões de dólares, mas acabou por se fixar nos 201 milhões de dólares, como consequência da galopante desvalorização do kwanza que se vem assistindo, revelou Pedro Godinho.

Além deste projecto já em curso, o grupo projecta também a construção de um hotel cinco estrelas à entrada da Ilha do Cabo, em Luanda, que poderia vir a ser gerido pela cadeia internacional de hotéis Radisson, com a qual, de acordo com o fundador do Grupo Veleiro, já havia sido celebrado um acordo. Aliás, referiu Pedro Godinho, foi a Radisson que fez o acompanhamento da concepção do projecto, do ponto de vista técnico, adequando-o aos padrões com os quais estão habituados a operar.

No entanto, revelou o empresário, o projecto encontrava-se neste momento em reestruturação, no sentido de aprimorá-lo e adaptá-lo à realidade actual, uma vez que havia sido concebido, há já alguns anos, num contexto socio-económico e financeiro diferente do actual. Na altura da concepção, há cerca de seis anos, previa-se aplicar na construção da unidade hoteleira cerca de 195 milhões de dólares.

“Mantemos neste momento o vínculo primário com a Radisson, mas já recebemos também o convite para podermos criar parceria, em termos de gestão, com uma cadeia muito famosa e de prestígio americana”, adiantou. O gestor recusou-se a revelar o nome da aludida cadeia americana de hotéis, mas garante que se está numa fase preliminar dos acordos.

Caso se consiga fechar o pretendido acordo, o empresário diz acreditar que com o provável controlo da pandemia, face ao surgimento de várias vacinas, poder-se-á ter as condições criadas para se avançar com o projecto, desde que esteja garantido o financiamento.

“O nosso foco actual é concretizar o projecto do hotel. Ele é a minha maior ambição do momento, porque uma vez construído vai criar pelo menos mil postos de trabalho e vamos ter uma infra-estrutura com a qual nos poderemos orgulhar, pela sua apresentação arquitectónica, localização e pelo sucesso que poderá ser”, afirmou.

Em Portugal a cadeia Hilton continua a seguir o seu plano de expansão. Depois de abrir um novo hotel no Porto em 2022, o Hilton Porto Gaia, a marca virou-se para a capital. E em Janeiro desse ano nasceu o The Emerald House.

Este novo projecto da gigante da hotelaria foi criado em colaboração com a Curio Collection, uma marca individual abrangida pela cadeia norte-americana.

“Portugal é reconhecido pela sua beleza sem igual, importância histórica e gastronomia única, e estamos confiantes que o The Emerald House irá oferecer aos turistas curiosos, que procuram experiências inesperadas e autênticas, acomodações verdadeiramente memoráveis”, explicava na altura Mark Nogal, responsável pela marca Curio.

O empreendimento promete vistas únicas sobre o Tejo e a capital. Dentro de portas encontramos “vários elementos essencialmente portugueses”, como uma banheira, um lavatório e vários azulejos antigos, que pertenciam aos antigos donos do edifício histórico que acabou por ser restaurado para a ocasião. Além da reinvenção de um prédio já existente, o atelier de arquitectura Saraiva + Associados, que assina o projecto, construiu um novo edifício conectado ao original.

“Estas duas edificações constituem um conjunto arquitectónico que se afirmará como um todo, unificado funcionalmente e formalmente dialogante. A abordagem arquitectónica assenta, essencialmente, na utilização e releitura de elementos formais e materialidades persistentes e tradicionais que caracterizam também esta área de Lisboa”, dizem no site. do atelier. E acrescentam: “A métrica e a proporção dos vãos, o vidrado cerâmico do azulejo e a pedra lioz são os elementos conjugados que sustentam a abordagem contemporânea, porém consistente com a materialidade e a cadência cheio/vazio da envolvente.”

O The Emerald House tem ainda um ginásio, o bar Five O’Clock e o restaurante À Mesa, com pratos portugueses. Estas duas últimas vertentes do novo espaço do Hilton estão abertas ao público em geral — e não apenas aos hóspedes. Tem 64 quartos, entre eles suites, habitações com varanda e vista privilegiada e camas king size.

Foto: Fútila Sea Breeze de Cabinda

Folha 8 com agências

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